Quando ainda vivíamos em São Paulo, a gente fazia parte dos 52% de brasileiros que não têm e tampouco sabem como montar um planejamento financeiro.
Foi só enquanto aprendíamos como se tornar nômade digital que a necessidade bateu à porta. E, aí, se planejar financeiramente virou um objetivo fundamental.
Afinal de contas, o controle financeiro permite que a gente torne nosso estilo de vida viável, seguro e duradouro. Algo que começa equilibrando a renda e as despesas.
Pois, nesse sentido, a regra é a mesma independentemente de qual parte do mundo você esteja: é preciso gastar menos do que você possui.
Ou seja: mesmo gerando renda como freelancers, tínhamos que montar um planejamento financeiro para viajar. E queremos mostrar para você o quanto isso pode ajudar!
Confira, queira você se tornar nômade digital ou apenas desenvolver sua educação financeira!
Por que ter planejamento financeiro para ser nômade digital?
Planejar financeiramente a rotina para ser nômade é necessário porque nunca ficamos muito tempo no mesmo lugar. Isso faz com que nossas despesas variem bastante.
Por exemplo: podemos ter um custo baixo com hospedagem, restaurantes e outras despesas em cidades no norte da Tailândia. Mas, no mês seguinte, o valor médio com esses mesmos serviços e produtos pode ser maior se decidirmos visitar as ilhas do país.
No nosso caso, entender o que é planejamento financeiro fez parte das etapas para se tornar nômade digital. E, justamente, porque tínhamos que encontrar um valor médio para atender às necessidades e aos objetivos que identificamos em cada destino.
Além, é claro, de equilibrar esse custo médio com a nossa renda mensal.
Quais são os benefícios de se tornar nômade digital?
Começamos nossa vida como nômades digitais em março de 2019, no Japão. E nos três primeiros meses dessa jornada cometemos dois erros crassos: viajamos em ritmo de férias e não consideramos uma média de custos em cada país.
Mas foram sustos necessários para que reavaliássemos o que a gente queria que se consolidasse como nosso estilo de vida.
Assim, a partir do quarto mês na estrada já antecipávamos o custo de vida em cada destino e passamos a dividir melhor a rotina para viajar e trabalhar de qualquer lugar.
E, aí, os benefícios de se tornar nômade digital realmente se revelaram, como:
- liberdade e flexibilidade para montar uma rotina adaptada aos nossos interesses;
- adaptabilidade para sentir-se em casa (e no escritório) em qualquer lugar;
- noção do estilo de vida que adotaríamos levando em conta nossa fonte de renda;
- autonomia para construir um futuro ainda mais flexível e adaptável.
E o planejamento financeiro fez parte fundamental disso. Afinal, entendemos o que procurar cada destino, quais passeios fazer e em quais lugares se hospedar. A maior parte das nossas escolhas passa, diretamente, pelo teto de orçamento que estipulamos.
Quais são as vantagens em ter mais controle financeiro?
Os benefícios do nomadismo digital só foram plenamente desfrutados por nós porque começamos a praticar o controle financeiro.
Quer dizer: quando equilibramos as despesas dentro de nossa renda mensal como profissionais. E isso transformou — para melhor — a nossa qualidade de vida. Porque:
- o planejamento financeiro trouxe estabilidade para montar nosso roteiro de viagem;
- encontramos o padrão financeiro ideal para o nosso estilo de vida;
- descobrimos que esse controle promove independência financeira pro futuro.
Esse último ponto tem a ver com a economia para poupar e investir. Especialmente, para freelancers, como nós.
Afinal, isso faz com que a gente deixe de depender tanto da demanda de trabalhos e consigamos, cada vez mais, nos dedicar ao Divagando pelo Mundo — e viajar mais 🙂
Como se planejar financeiramente para se tornar nômade digital?
Quando nos perguntamos sobre nomadismo digital e como montar um planejamento financeiro para viajar, a ansiedade foi a primeira a nos responder. Afinal de contas, víamos pessoas estruturando suas viagens em questão de anos.
A gente, com pouco tostão no bolso, sentimos que estávamos muito despreparados para ser nômade digital.
Mas sentamos, refletimos e conversamos. Não existe essa de “começar tarde demais” — pelo menos, para viajar o mundo e começar um planejamento financeiro pessoal.
A melhor hora é aquela que acompanha a sua decisão, além de ter um planejamento disciplinadinho até atingir seus objetivos. Tenha você R$ 30 ou R$ 30 mil no banco ou seja um recém-formado ou recém-aposentado.
Como fazer o planejamento financeiro para viajar, então? Separamos algumas dicas que fizeram parte do nosso planejamento de viagem ou que adotamos ao longo de tantos embarques e desembarques!
Entenda melhor a sua viagem
Você quer ser nômade digital indefinidamente ou só viajar por um mês?
Pretende conhecer o mundo inteiro ou só quer explorar os estados brasileiros?
Vai visitar países com elevado custo de vida e taxas de câmbio agressivas? Ou vai baratear a viagem em destinos mais econômicos?
Você não precisa ter todas as respostas, mas compreender o que você busca no nomadismo digital é uma excelente forma de mudar os hábitos financeiros. Sem falar que é de grande importância para começar a poupar e definir o seu orçamento de viagem.
Monte um orçamento médio
Talvez, você ainda não saiba para onde quer viajar e ser nômade digital.
Sem problemas. Mas um direcionamento mínimo permite que você calcule a média de despesas nesses destinos.
Existem três formas que ajudam a precisar esse valor. A primeira é o Nomad List, um site colaborativo que ajuda a avaliar o custo médio de vida em diferentes países.
Na mesma linha colaborativa tem o Numbeo. Basta digitar o destino do se interesse para se aprofundar nos preços médios de diferentes aspectos daquela região (como hospedagem, refeição, bebidas, atrações turísticas etc.).
As redes sociais também são ótimas fontes de consulta. Existem grupos específicos, no Facebook, por exemplo, que reúne parte da comunidade de nômades digitais. Você pode perguntar e interagir com os membros de lá. E, provavelmente, alguém já teve a mesma dúvida que você e já postou no grupo para montar o seu próprio planejamento financeiro.
Economize todos os meses
Educação financeira tem muito a ver com seus hábitos de consumo.
Você acha que consegue ir menos a bares e restaurantes e cozinhar mais ou organizar happy hours caseiros?
Você precisa mesmo de um calçado ou roupa nova? Ou ainda consegue reaproveitar as peças há muito tempo esquecidas no guarda-roupa?
Você está extraindo conhecimento e experiência dos cursos ou da academia ou eles se transformaram em despesas inúteis?
Você tem mais livros nunca folheados do que obras concluídas, na estante?
Isso tudo, com o planejamento financeiro, pode se transformar em dinheiro extra para você montar um orçamento sólido e conseguir viajar.
À medida que a sua viagem se aproximar, intensifique os esforços — como a TV por assinatura e outros serviços que não são necessários.
Com isso, fica mais fácil visualizar o valor desejado para a sua renda e, até mesmo, identificar um prazo para embarcar na sua jornada.
Tenha mais controle financeiro
A gente levou um tempinho para entender, mas é importantíssimo saber para onde vai o seu dinheiro.
Não importa se é uma despesa mínima (como uma garrafa d’água) ou a parcela de uma passagem aérea internacional, acrescente o gasto em uma planilha de controle.
E se você não é fã do Excel e não quer colocar seu planejamento financeiro na planilha, use um aplicativo. Hoje em dia, você encontra todo tipo de opção para isso. Nós usamos o Mobills, que é ótimo para inserir as despesas em diferentes moedas.
Caso você não tenha a melhor das relações com a tecnologia, anote os gastos no papel mesmo. O importante é saber, exatamente, quanto você tem e quanto você gastou (e para onde foi o dinheiro).
Aí, não tem segredo: avalie a sua renda mensal, defina seu teto de gastos e comece a anotar todas as despesas. Em pouco tempo, você vai perceber os custos que só vieram para atrapalhar o seu planejamento financeiro e o objetivo de se tornar nômade digital.
Monte uma reserva financeira de emergência
Ser nômade digital sem uma reserva de emergência é arriscado. E sentimos na pele o benefício em contar com um dinheirinho guardado para imprevistos.
Em 2021, tivemos três meses de pouca demanda de trabalho. Nossa renda reduziu tanto, que não conseguiríamos bancar o custo médio do Camboja — que foi relativamente barato, na nossa opinião.
Como tínhamos pouco dinheiro na conta, naquele momento, recorremos à reserva de emergência. Assim, por mais que a gente não estivesse com muito trabalho, nesse período, a reserva financeira ajudou a complementar a renda.
Agora, você deve estar se perguntando qual é o valor de uma boa reserva financeira de emergência, certo? Então, isso varia de acordo com alguns fatores, como o custo médio estipulado para a sua viagem.
Em média, há quem diga que uma reserva de emergência aceitável cobre três meses do seu custo de vida. Se preferir, seis meses é uma meta mais conservadora, mas que garante ainda mais conforto diante de qualquer imprevisto.
E se você tiver um bom planejamento financeiro pode contemplar até um ano para a sua reserva de emergência.
Afinal de contas, esse dinheiro guardado não serve só para complementar renda diante de imprevistos de trabalho. Ele serve para qualquer gasto de última hora, como atendimento médico, passagens aéreas e qualquer outro tipo de emergência.
Invista seu dinheiro
A poupança é, ainda, uma queridinha do brasileiro. Mas existem diversas outras modalidades de investimento, hoje em dia, e acessíveis independentemente de quanto você tem para começar.
E, logicamente, são opções de investimento que rendem mais do que a tradicional poupança.
Inclusive, se você considera o assunto ilegível, nós assumimos que também não sabíamos nada sobre investimentos. Mas não faltam boas opções de consulta e aprendizado na internet.
Veja algumas páginas e/ou perfis nas redes que podem ajudar nessa questão. E, inclusive, em inspirar você a montar seu planejamento financeiro pessoal para viajar:
- @nathaliaarcure — que também tem o canal Me Poupe! no YouTube;
- @nathfinancas;
- @gabrielamosmann;
- @partiupoupar;
- @faveladoinvestidor;
- @professorbaroni;
- @felipe.tadewald;
- @viverderendimentos.
Não faltam possibilidades para montar o planejamento financeiro, construir sua independência e ser nômade digital. Leve o tempo que precisar, mas é importante analisar que isso é possível e aplicar na sua rotina, do seu jeitinho.
Como calcular o custo de viver viajando?
Tudo bem, você começou a montar seu planejamento financeiro para viajar, mas não tem ideia quanto custa para viver no México, por exemplo.
Daí, a importância das dicas que citamos acima. Os sites Nomad List e Numbeo são ótimos para isso. E não se esqueça dos grupos de nômades digitais nos países ou locais que você pretende morar ou visitar.
E uma das coisas mais interessantes que o planejamento financeiro proporciona é o equilíbrio nas contas ao visitar mais de um país.
Por exemplo: a partir da análise do custo de vida médio desses destinos, você consegue ir para um país cujo custo é elevado. E, em seguida, partir para um destino mais acessível.
Assim, na média desses dois países você mantém seu custo médio sem estourar o orçamento de viagem.
Digamos que você definiu em R$ 3 mil o seu orçamento mensal. Aí, sua primeira parada foi a Bolívia que, surpreendentemente, custou R$ 2,5 mil a sua estadia de um mês. Em seguida, você desembarcou no Chile, e os mesmos 30 dias custaram R$ 3,5 mil no bolso.
Mesmo que você tenha ultrapassado o limite do seu orçamento, no Chile, você gastou menos durante sua passagem pela Bolívia. E, assim, houve equilíbrio e você não se privou de nada. Deu para entender?
Quais são os desafios do planejamento financeiro para viajar?
Pelo que enfrentamos, antes de se tornar nômade digital, o planejamento financeiro foi mais desafiador na hora de:
- ter disciplina para cortar alguns gastos que considerávamos essenciais (e não eram);
- controle das despesas fixas e variáveis ao longo do mês;
- definir as prioridade de gastos — por exemplo; livrar-se das dívidas, primeiro, para tirar os juros da frente e conseguir economizar mais dinheiro;
- montar a reserva financeira.
Outro ponto que muita gente não leva em consideração é a mudança de hábitos. A gente já era bem adepto ao minimalismo, o que não foi um problema para trocar as dezenas de m² de um apartamento pelas dezenas de litros de capacidade de um mochilão.
Mas é importante analisar esse fator. O que ajuda a definir se você vai se tornar um nômade digital sempre em movimento ou vai firmar bases longas em poucas localidades.
Quais são as formas de gerar renda como nômade digital?
Graças à transformação tecnológica e à mudança de pensamento de muitas empresas, se tornar nômade digital virou uma possibilidade flexível.
Ou seja: você não precisa ser um freelancer, exclusivamente, e tampouco bater de porta em porta, nos estabelecimentos comerciais, à procura de emprego ao chegar em um novo país.
Pelo que vimos nesse tempo de viagem, é possível desenvolver o trabalho de diferentes maneiras:
• freelancer;
• trabalhador remoto (fixo ou temporário) de uma empresa;
• empreendedor.
Conhecemos os três perfis de viajantes. E podemos concluir que, apesar de cada um ter características distintas, qualquer um desses modelos de trabalho à distância funciona para quem quer se tornar nômade digital.
E quem ainda não tem nenhum planejamento para guardar dinheiro?
Nossa dica, aqui, é: comece agora mesmo. E, como complemento, diríamos para você não criar comparações irreais com outras pessoas.
Por exemplo: a gente guarda dinheiro desde sempre. E mesmo assim, poupamos por mais de dois anos antes de embarcarmos em nossa primeira viagem como nômades digitais.
Isso porque a gente gera renda como freelancers enquanto viaja, vale lembrar. Então, cada pessoa vai levar o seu tempo e iniciar à sua maneira. De nada adianta se espelhar no tempo de preparo e de planejamento financeiro dos outros.
O mais importante é definir as suas metas e alcançá-las, pois a sua viagem pode acontecer. E seu planejamento financeiro pessoal pode ter início com alguns pontos-chave definidos:
- avalie o seu momento financeiro;
- defina um teto de gastos com base na sua renda mensal;
- crie o hábito e monitorar as suas despesas;
- questione-se sobre toda compra desejada;
- compare preços e aprenda a economizar mais com suas despesas;
- cuidado com o crédito que se torna “despesa invisível” do mês, como o cartão de crédito;
- estabeleça metas reais para poupar dinheiro mensalmente;
- calcule todos os tipos de despesas que você pode ter na viagem para compor seu planejamento financeiro.
Também é fundamental analisar a possibilidade de ser nômade digital no seu atual emprego. E verifique a possibilidade de gerar renda extra. Assim, as dificuldades financeiras podem ser menores e você pode desfrutar desse estilo de vida indefinidamente.
E agora que você já sabe quais são todos os pontos para montar seu planejamento financeiro para viajar, que tal ir além? Avalie o que você precisa para tirar seu passaporte — e lembre-se de incluir essa possível despesa na sua planilha de controle financeiro!