Viagens longas como a nossa merecem atenção especial no quesito saúde, afinal, além de vacinas específicas existem vários cuidados que devem ser seguidos por quem vai ficar muito tempo fora. E foi justamente alguns meses antes de embarcarmos que descobrimos a Medicina do Viajante.
Se você nunca ouviu falar, aposto que ficará tão impressionado quanto a gente! Olha só!
E o que a Medicina do Viajante?
Ainda pouco conhecida no país, em resumo a Medicina do Viajante é uma consulta médica voltada justamente para quem tem uma viagem marcada. Esse tipo de serviço pode ser encontrado em algumas cidades do Brasil, em clínicas e hospitais da rede pública e privada.
Ao agendar um horário, você terá informações muito úteis sobre o destino que deseja visitar, quais vacinas deve tomar e os principais cuidados com alimentação e higienização.
Como funciona?
Nós passamos pela Medicina do Viajante no Emílio Ribas, em São Paulo, e por ser um hospital público, o atendimento é gratuito 💛 (falaremos melhor sobre isso no fim do texto). Para agendar, basta enviar um e-mail para agendamento@emilioribas.sp.gov.br com algumas informações para que agilize o processo:
- nome completo;
- data de nascimento;
- filiação;
- telefone de contato;
- horário que pretende ser atendido (manhã ou tarde);
- sugestão de data.
Já que cada hospital funciona de uma forma (a Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, faz o agendamento somente por telefone), vale dar uma pesquisada na internet para saber onde encontrar esse tipo de serviço e como agendar.
Quem deve ir?
Apesar da Medicina do Viajante ser mais procurada por quem vai viajar por longo prazo, qualquer pessoa pode agendar uma consulta, seja uma viagem nacional ou internacional, férias ou ano sabático, e não importa o destino! Aliás, viajantes idosos, gestantes e com doenças pré-existentes também são super bem-vindos no atendimento 🙂
E o ideal é se planejar com certa antecedência, já que serão orientadas algumas vacinas, e muitas delas são divididas em doses.
Medicina do Viajante: nossa experiência
A consulta foi MUITO melhor do que imaginávamos! Assim que chegamos lá, tivemos que preencher um formulário com todas as informações sobre a nossa viagem, como o nome de cada país, meios de transportes, tipos de acomodação, atividades planejadas, e também o histórico de saúde do viajante. Dois médicos nos atenderam (sim, dois!) e foram extremamente simpáticos, atenciosos e claros nas instruções.
Recomendações sobre seguro viagem e fuso-horário
Antes de tudo, a primeira recomendação já foi sobre o seguro viagem. Além de falar sobre a sua importância, nos aconselharam a contratar um plano que tenha atendimento no local e traslado sanitário, que é a cobertura dos custos com o transporte caso o paciente necessite retornar ao seu país por causa de acidentes ou doenças. Dica: no site da Seguros Promo tem diversas opções com desconto!
Como mudaremos bruscamente de fuso horário, a equipe da Medicina do Viajante nos deu algumas dicas de como se adaptar mais rápido a essa transição, começando antes mesmo de viajar, como tentar dormir no horário local alguns dias antes do embarque. Já dentro do avião, a dica é se locomover a cada 3 horas para se proteger de tromboses. Além disso, evitar bebida alcoólica, usar roupas confortáveis e sem elástico, beber bastante líquido e, se possível, não depender de remédios para dormir.
Chegando no destino, vale se hidratar bastante e tirar o primeiro dia para descanso ou atividades leves (ou seja, evitar a ansiedade de sair correndo pra visitar tudo logo de cara hahaha).
Alimentação e outros cuidados
Como a saúde do viajante é o ponto principal da consulta, durante todo o atendimento nos alertaram com relação à água. Já que passaremos por alguns países em que o saneamento básico não é dos melhores (como a Índia), recomenda-se fortemente tomar apenas água engarrafada — e que você abra o lacre.
Nesse sentido, vale evitar bebidas com gelo e sucos naturais (afinal, não sabemos de onde sai a água, né?). Uma boa dica é andar com tabletes de cloro, principalmente em lugares como trilhas e acampamentos, que você não sabe a procedência da água.
Os cuidados com alimentação seguem a mesma lógica: priorize alimentos cozidos e fritos e evite saladas e frutas já descascadas. O risco de contrair cólera e febre tifoide é grande em pratos não-cozidos, então vale evitar ao máximo comidas frias!
Os doutores da Medicina do Viajante também nos deram uma aula sobre repelentes: o produto deve ter, em sua fórmula, a base de icaridina de 20 a 25%, sem perfume. Caso visite áreas com bastante mosquitos, ele deve ser usado em todo o corpo, sendo que o ideal é ser reaplicado a cada 3 ou 4 horas em áreas expostas, como braços e pernas, e também por cima da roupa, apenas uma vez ao dia (sim, os mosquitos picam sobre a roupa).
Vale lembrar que, como o spray é um pouco forte, o ideal é aplicá-lo em lugares ventilados. Ah! Roupas escuras e perfumes atraem esses danadinhos!
Outras recomendações da Medicina do Viajante que merecem a sua atenção:
- evitar banho de rio / água doce;
- se fizer mergulho, evitar balão e avião em até 24h após a atividade;
- protetor solar com fator mínimo 30;
- remédios fundamentais: para febre, diarreia, dor e cólica;
- levar remédio sempre na embalagem original (evitar aqueles organizadores de pílulas, sabe?);
- tomar cuidado ao fazer tatuagem (pesquise MUITO bem antes).
Vacinas e remédios
Durante a consulta, nos pediram a carteirinha de vacinação (não esqueça de levar!) para verificar quais vacinas teríamos que tomar antes de viajar. Eu, Ju, levei a minha de infância, com todo o histórico desde que nasci, então foi mais fácil de saber quais vacinas precisaria tomar. O Ric, no entanto, estava sem os dados antigos, então precisou tomar mais doses — já que não tinha como garantir quais ele já havia tomado ou não.
As principais recomendações são:
- febre amarela;
- dupla adulto;
- hepatite A e B;
- febre tifoide;
- tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola);
- raiva.
Algumas a gente já tinha tomado, então só precisamos de um reforço. Outras necessitavam de mais doses, então voltamos ao hospital depois para concluir o ciclo. E como o Emílio Ribas é público, todas as vacinas que estão disponíveis lá são gratuitas. A de febre tifoide, por exemplo, tivemos que tomar em uma clínica de vacinação particular.
Por fim, além da vacinação para viagem, a equipe médica também nos receitou antibióticos e remédios para controlar diarreia. De acordo com eles, existem dois tipos: a leve, que não tem febre nem sangue, e que pode ser controlada por um medicamento comum; e a forte, em que é preciso fazer o uso de antibióticos.
Aliás, vale lembrar que muitos países exigem o Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia – CIVP! Dá para emitir tanto on-line quanto em postos credenciados (clique aqui para saber melhor).
Medicina do Viajante no Emílio Ribas
O horário de atendimento no Emílio Ribas é de 3ª a 5ª, das 8h às 17h, e de 6ª, das 8h às 11h. E o legal é que qualquer pessoa pode passar pela consulta. A sala da Medicina do Viajante fica no térreo mesmo, bem pertinho da portaria principal (logo na entrada tem essa placa abaixo, é só seguir para o lado direito).
A consulta do viajante no Emílio Ribas é gratuita e o agendamento deve ser feito por e-mail (aguarde o retorno para confirmar o atendimento). É preciso chegar na consulta com, pelo menos, 30 minutos de antecedência para abrir ficha e preencher o formulário. Não esqueça de levar um documento com foto e carteirinha de vacinação!
E foi assim que nos surpreendemos muito com o atendimento prestado pelo Emílio Ribas. Eficaz, esclarecedor e gratuito! A consulta é personalizada, feita 100% em cima da sua viagem. Se você nunca tinha ouvido falar na Medicina do Viajante, já anota essa dica para as suas próximas viagens! E se tiver alguma dúvida, é só mandar pra gente!